Espaço Aberto: A antagonização da informação
- EGEO Jr.
- 30 de jun. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 1 de jul. de 2021
Escrito por: Arthur Barcelar
Revisado por: Dayane Rodrigues, Maria Izabel Clozato.
Como a divulgação de informação virou alvo de ataque
Em tempos de alto compartilhamento de desinformação e pós-verdades, meios de divulgação de informação têm perdido sua credibilidade. Isso pode ser visto principalmente com a criação de movimentos e medidas que vão contra meios científicos, o termo extrema imprensa e o cancelamento do Censo pelo governo federal são exemplos.
Na pandemia, a criação de fake news se viu ainda mais atenuada com propostas curandeiras espalhadas por diferentes redes sociais. Neste contexto, é necessário entender como funciona essa antagonização da informação.
Ataque a geografia de dados
Um meio que tem sido altamente desvalorizado nos últimos anos, especialmente pelo Governo, é a geografia de dados. Além do cancelamento do censo, diversas instituições como o Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais(INPE) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) sofreram ataques, intervenções e cortes de gastos.
Desde o início do ano, o IBGE sofreu um corte de 90% e uma perda de 40% de operários. Tendo em vista a relevância das informações necessárias tiradas pelo instituto é preocupante ver sua desvalorização em tempos recentes.
Além disso, o INPE, quando realizavam pesquisas e apontava dados que comprovam o desmatamento da Amazônia em 2019, teve seu presidente exonerado do cargo. Existe uma clara tentativa de invalidar as informações fiéis e baseadas em estudos quando não condizentes com a ideologia do poder vigente.
A “extrema imprensa”
Já desvalorizado no Brasil há tempos, sendo um meio que não se precisa nem de diploma, o jornalismo brasileiro tem sido um alvo frequente de ataques em tempos recentes. Estes foram em parte físicos, como repórteres tendo suas transmissões interrompidas, mas principalmente em relação à liberdade da profissão.
No ano de 2020, a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) registrou cerca de 428 casos de ataque à liberdade de imprensa, o maior número desde 1990. A federação apontou em relatório que: “A explosão de casos está associada à sistemática ação do Governo, para descredibilizar a imprensa e a ação de seus apoiadores contra veículos de comunicação social e contra os jornalistas. Ela começou em 2019 e agravou-se em 2020, quando a cobertura jornalística da pandemia provocada pelo novo coronavírus foi pretexto para dezenas de ataques do presidente e dos que o seguiram na negação da crise sanitária".
Isso vem junto à criação do termo “extrema imprensa” cunhado por apoiadores do Governo para apontar que os grandes meios de informação e mídia estariam exagerando e contando mentiras ao público. Aliado a isso, também, vem o processo de aumentar a credibilidade daqueles que apoiam o governo e fazem suas transmissões de informações muitas vezes falsas por meio de redes sociais, como o Whatsapp e afins.
Curandeirismo na pandemia
Com a chegada do Covid-19 no Brasil, no início de 2020 e o início das medidas de seguranças para conter o vírus, veio mais uma onda de fake news, dessa vez afetando a área da saúde.
Primeiramente, com a defesa da hidroxicloroquina como método de tratamento da doença respiratória. Mesmo com o estudo que “comprovou” sua eficácia refutado e a revista que o publicou o retirando de suas produções, ainda foi defendido o seu uso em casos do coronavírus. Além deste, foram adicionados outros medicamentos como ivermectina, azitromicina, no Kit-Covid, de tratamento precoce, que não tinham comprovação de eficácia. Além de medicamentos, vem se mostrando muito presente notícias falsas sobre as vacinas, que chegaram após resistência de compra do governo federal.
A soma dos esforços para antagonizar a informação vê o país em um estado de crise que afeta desde a saúde pública e estudo de dados populacionais à liberdade de imprensa do Brasil.
Comments