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Aplicativos de Entrega de Comida: Como o geoprocessamento está no nosso dia a dia

  • Foto do escritor: Frederico Freitas Santos
    Frederico Freitas Santos
  • 16 de mar. de 2022
  • 6 min de leitura

Escrito por : Emmanuel Coz e Frederico Santos

Revisado por: Lussandra Gianasi


Aquela sensação de não querer fazer comida em casa e pedir alguma coisa pra comer... quem nunca né?



Pois é, neste mundo tão conectado, estamos acostumados a ter um leque de opções para poder satisfazer necessidades que surgem a curto prazo, como a vontade de pedir alguma comida para compartilhar com a família ou amigos, e esquecemos que por trás desses tantos aplicativos que levam seu pedido até a porta da sua casa existem ferramentas geotecnológicas que permitem pedir esses produtos só clicando a tela do seu celular. Já parou para pensar como funciona a geolocalização nos aplicativos que temos instalados no celular, principalmente aqueles de entrega que estamos tão familiarizados? Mas antes, é importante entender como funciona o geoprocessamento e para que serve!


O que é o Geoprocessamento?

Primeiramente, é importante destacar que o conceito não pode ser confundido como parte das geotecnologias, técnicas, produtos, como o Sensoriamento Remoto, a Cartografia e os Sistemas de Posicionamento Global (GPS).

Segundo o Geógrafo Marcos Aurélio de Araújo Gomes (2020), em sua publicação online no site da UNIFAI, o Geoprocessamento representa “um conjunto de tecnologias capazes de coletar e tratar informações georreferenciadas, que permitam o desenvolvimento constante de novas aplicações”. Neste sentido, as tecnologias que são englobadas nesta concepção, e que a cada momento fazem cada vez mais parte do nosso dia-a-dia, são o Sensoriamento Remoto (SR), o Sistema de Informação Geográfica (SIG) e o Sistema de Posicionamento Global ou Global Positioning System (GPS), este último mais conhecido pela sua sigla em inglês. Não podemos nos esquecer que para tudo isso funcionar, existe a figura importante dos profissionais envolvidos na construção e desenvolvimento de produtos, softwares, computadores, satélites, entre outros - o ser humano (homens e mulheres). Muitos com ensino técnico, superior: graduados, mestrados e doutorados em diversas áreas.


Iremos explicar cada uma das tecnologias englobadas nesse conceito, com embasamento na matéria online do geógrafo Marcos Aurélio de Araújo Gomes.


Começando pelo Sensoriamento Remoto (SR), o SR é a tecnologia capaz de obter imagens e outros tipos de dados através do monitoramento da superfície terrestre, através da captação e do registro da energia eletromagnética refletida ou emitida da superfície. Existem vários programas que executam atividades de processamento digital de imagens, entre eles o Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas (SPRING) desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Outro produto muito popular e que devido à sua gratuidade é amplamente utilizado é o Google Earth, pois nos permite ver o planeta através das imagens de satélite, sendo extremamente útil para diversas áreas, educativo e pode ser usado por crianças, jovens e velhos.


O SIG é erroneamente considerado um geoprocessamento como vimos acima. O geoprocessamento é um conceito muito mais abrangente, enquanto o SIG processa dados geográficos (por exemplo, que contém coordenadas x e y) e alfanuméricos (por exemplo, tabelas) com a finalidade de desenvolver análises espaciais e modelagens da superfície. Comparativamente com o SR, existe um número bem maior de programas desenvolvidos para de SIG pagos e gratuitos.


Legenda: Uso de SIG na administração municipal (Cavenaghi e Lima, 2006)

Já o GPS é um sistema de posicionamento por satélites utilizado para a determinação da posição de um receptor na superfície terrestre. Este posicionamento é apresentado em coordenadas de longitude, latitude e altitude. Este sistema pertence aos EUA e possui inserção no mundo inteiro, mas possui alguns concorrentes com sistemas similares como o europeu (GALILEO) e o russo (GLONASS). Uma curiosidade sobre os dados do GPS: além de ser uma ferramenta que pode ser usada e comprada individualmente, ele também aparece acoplado nos nossos celulares e podemos usar somente as coordenadas para produção de mapas de vários lugares. O GPS foi criado para suprir demandas militares, somente durante a década de 90 este passa a ser largamente utilizado para outras finalidades. Atualmente, a maior parte da extensão terrestre já é mapeada e navegável por meio desta tecnologia.


Legenda: Diferentes camadas englobadas pelo geoprocessamento, em ordem crescente: Usuários - Ruas - Propriedades - Elevação do terreno - Uso da terra - Mundo real.


O termo Geotecnologia é utilizado para representar um leque amplo de tecnologias que são utilizadas em todos os passos do tratamento de informações geográficas. Enquanto, o Geoprocessamento é o resultado de esforços multidisciplinares, abrangendo diversas áreas do conhecimento da Geografia, da História, da Biologia, Arquitetura e dos Sistemas da Informação. Por esta razão este possui uma aplicação tão ampla.


A geolocalização: Uma ferramenta inserida no nosso dia-a-dia

A geolocalização, baseada na tecnologia do GPS, é um aplicativo que permite rastrear em tempo real aos usuários que estão utilizando o aplicativo (poder ser de entregas, de serviço de transporte, plataformas informativas, orientação de condução, rede social, etc) no local exato onde eles se encontram mesmo sem ter o aplicativo em uso.

Desta forma, dados geográficos ou não geográficos relevantes para determinada finalidade podem ser irrelevantes para outra aplicação. A relação ou importância entre a resolução e detalhamento das informações quanto à frequência de atualização também variam.

Segundo a DEVMEDIA (Plataforma para Formação de Programadores do Brasil) no seu artigo “Sistemas de Informações Geográficas’’ fazem destaque que:


´´Em detrimento a estes vários perfis de usuários, somados a uma diversidade de aplicações dos sistemas de informações geográficas, conseguimos definir as características dos dados geográficos e das funções de análise e tratamento necessários para cada combinação de interesse. ´´


Empresas como Ifood, 99, Rappi, Zé Delivery utilizam esse tipo de ferramentas geotecnológicas para poder localizar as lojas que encontram-se cadastradas na sua base de dados e as conecta com seus consumidores com o intuito de criar uma rede que possibilite aos usuários ter acesso aos restaurantes que se encontram dentro de um determinado raio de alcance.


Desta forma, os restaurantes conseguem calcular a taxa de serviço dos seus produtos em dependência do custo de deslocamento entre distância do restaurante até o cliente. De igual forma, aplicações mais sofisticadas permitem também usar o georreferenciamento ao vivo onde o cliente consegue verificar cada passo da entrega, desde a hora que o pedido é aceito e pode acompanhar ao vivo o percurso do motoboy até o destino final sendo o cliente notificado do status da ordem dependendo da distância que ela se encontra.


É interessante analisar como é o mecanismo de interação entre os produtores e os consumidores sendo que estes trabalham com ferramentas de geoprocessamento que em pouco tempo tornaram-se de grande utilidade e facilitaram o crescimento do público consumidor assim como a demanda de bens e serviços por meio destas plataformas.


Porém, estes mecanismos de interação entre produtores e consumidores através de ferramentas geotecnológicas não se manifestam de igual forma para todas as pessoas. É visível que existe também uma diferenciação socioeconômica dentro destas plataformas, sendo que estas estão voltadas inicialmente a satisfazer predominantemente pessoas com maior poder de aquisição que residem em bairros mais seguros e iluminados e, desta maneira, segregam uma grande parcela da população. A parcela que utiliza os aplicativos, se encontram predominantemente nos espaços luminosos de nossa sociedade, que se caracterizam como locais de grande fluidez, industrialização, dinamicidade e desenvolvimento tecnológico, enquanto que, a parcela que faz uma utilização menor do mesmo, se encontra nos espaços opacos, que se caracterizam como áreas ausentes de desenvolvimento industrial, são pouco , dinâmico e não a fluidez, a fluidez nesse caso é tida como uma região de baixa circulação de dinheiro e mercadoria. Tais conceitos utilizados acima, como espaço luminoso e espaços opacos, foram desenvolvidos por Milton Santos.


Os avanços nos sistemas de transportes e comunicação, ambas utilizadas pelas plataformas citadas anteriormente, dependem de uma boa base material e de construções físicas instaladas no espaço geográfico, que possibilitam a circulação de bens e informações. No entanto, essa tecnificação do território não está dispersa de forma igualitária ao redor do planeta, na verdade ela depende do continente e dos países. Ou seja, a densidade técnica, a quantidade e a qualidade dos objetos materiais se diferenciam em cada lugar.


A adaptação dos espaços às exigências da globalização acaba diferenciando-os em espaços luminosos – aqueles dotados de uma maior densidade de fixos e fluxos – e espaços opacos – que são pouco tecnificados e se caracterizam pela menor densidade de fixos e fluxos.

Construções, edificações como ruas, casas, edifícios, usinas, são localizáveis espacialmente, são passíveis de georeferenciamento. A princípio, podemos considerá-las como elementos espaciais fixos, que não saem do lugar, ou melhor, não se movimentam. Como elementos espaciais construídos pela ação antrópica, os fixos são dotados de intencionalidades. Cada elemento espacial fixo está interligado a gamas de interações e interdependências locais e distantes que o justificam e dão relevância social, cultural, histórica e econômica. No entanto, são os fluxos que dão sentido e vida a cada momento ao longo de um período, de diversos processos históricos. As pessoas que exercem ali as suas funções, as que os visitam, a energia, os transportes, o capital, a cultura, a sociabilidade, o fazer funcionar, são fluxos territoriais.


Conclusão


Em resumo, analisar a importância das atividades que desenvolvem tecnologias de geoprocessamento implica saber como elas funcionam e suas implicações dentro da sociedade. Como visto, o geoprocessamento foi criado como uma ferramenta que junto com outras geotecnologias, elas trabalham de forma conjunta e configuram novos sistemas de relação entre usuários e provedores. Desta forma, tal compreensão implica também ver a espacialidade não só como eixo destas geotecnologias senão como elas também se materializam na construção de sistemas sociais entre fluxos e fixos onde as novas adaptações em decorrência da globalização capitalizam o conceito do espaço em função das novas estratificações sociais e demandas econômicas.

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